segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Os diversos aspectos da Pós-Modernidade



Contextualização histórica
A partir do século XX, o mundo começa a passar por mudanças no campo das relações sociais, da ciência, da filosofia, da educação, da moral e da economia. Diante dessas transições, alguns pensadores consideram que a Pós-modernidade se inicia entre os anos 50 e 70. Porém, sabemos que toda divisão histórica tem um quê de artificial, é impossível determinar uma data exata de nascimento de tal fenômeno. Nos dias de hoje, existem pessoas vivendo em estágios díspares, alguns em um contexto pré-moderno, outros em contextos modernos e pós-modernos, simultaneamente, em seus isolamentos ou integrações espaciais e/ou territoriais. Como por exemplo, tribos indígenas e outras comunidades que ficam isoladas ou ausentes aos meios de comunicação e de avanços tecnológicos.

Modernidade Líquida

O termo “Modernidade Líquida” foi criado pelo sociólogo Zygmunt Bauman e define o período sócio-cultural-ecônômico e estético no qual estamos atualmente inseridos. As principais características desse período são as rápidas mudanças em vários pilares da sociedade que até a Modernidade eram bem firmes e sólidas. A exemplo disto temos o encurtamento de distâncias espaciais no mundo, a tecnologia e a internet possibilitam a velocidade da comunicação e globalização, e essa velocidade se torna perceptível em todas as áreas. Na área pessoal, a identidade de cada um está sujeita a transformações constantes, por isso a comparação deste período a um líquido. É perceptível também uma forte valorização da individualidade, ou seja, as pessoas tendem a se isolar e fugir de qualquer tipo de engajamento social, qualquer relação densa de laços sociais é vista como um obstáculo a ser eliminado, pois, o prazer está na busca de status e bens materiais, mesmo que seja necessário deixar de lado os valores éticos, inclusive no campo da família, da afetividade e da sexualidade. O mundo se fracionou e se relativizou, cada um é dono de seus valores. As pessoas são livres para serem o que quiserem e se moldarem a qualquer valor e estilo de vida. A razão/ciência que era a ideologia que reinava na Modernidade, se enfraqueceu, e com isso, vemos o renascimento de religiões antigas, nascimento de religiões novas e de outras culturas, com a missão preencher o vazio que o consumo material não preencheu. A verdade deixa de ser única, concreta e exata e se torna fluída, assumindo uma forma diferente para cada indivíduo, onde este também tem a opção de mudar de verdades constantemente. Ou seja, o pluralismo e a relatividade se tornam o pensamento ideal e particularmente, a crença que a verdade não existe, ou se existe não é objetiva, mas subjetiva. A descoberta de que não se pode ter certeza de nada, causa de certa forma, desespero para muitos, de modo consciente ou não. Podemos observar isso no campo das artes, onde a maior parte das obras deste período refletem sentimentos de incerteza, aflição e frenesi.

Elemento de inspiração para a criação do look sobre a modernidade líquida
Ondas:




O delineamento do movimento de cada uma das massas líquidas que ora se elevam ora se cavam na superfície das águas agitadas, representam de forma subjetiva tanto a velocidade de mudanças como a fluidez e indefinição de valores. Outra interpretação seria a imagem de uma sociedade carregada e influenciada por uma onda(pós-modernidade), sem saber exatamente a finalidade de sua jornada(vida) e a onde está sendo levada, persuadida pelo canto da sereia deste século(mídia).

Look Desenvolvido:


(Croqui feito em poucos minutos, por isso não está lá essas coisas, assim como todos os outros deste post)

As cores e formas do vestido remetem aos elementos utilizados com inspiração do tema.
A modelagem foi trabalhada no corpo, pois o tecido utilizado se trata de um spray que se transforma em tecido e pode ser aplicado diretamente sobre o corpo.



Hipermodernidade


Termo proposto por Gilles Lipovetsky, para também definir a Pós-modernidade, mas esse termo possui um significado voltado para outra forte característica deste tempo, que é o excesso, desde o consumo de bens materiais ao excesso de exigências pessoais/sociais, de informações e ideologias.

Observa-se que quem tem poder e é influente, é quem dita às regras, e o veículo mais utilizado para se influenciar a sociedade atual é a mídia. Através de comerciais televisivos é visível o apelo e imposição de necessidades, muitas vezes inúteis e inadequadas, com intuito de apenas se cumprir um ritual de consumo desenfreado. As pessoas passam a ser definidas cada vez mais pelo o têm, e com isso buscam insaciavelmente suprir suas fantasias materiais, na esperança de preencherem seus anseios e serem aceitas na sociedade.

No campo ecológico, a Terra se mostra enferma, diante das consequências de um sistema industrial e de consumo hiper voltado para homem e seu ego, sem analisar o ambiente em que ele está inserido. Constata-se que um produto novo é projetado para ficar rapidamente obsoleto, em função da necessidade de gerar o consumo contínuo. A tática utilizada para manter este tipo de consumo é fazer com que as pessoas se sintam sempre insatisfeitas com o que tem.

As condições dessa realidade, as exigências e consequências desse modelo de vida causam preocupações na mente das pessoas, influenciando sua saúde, como podemos observar diante do crescimento na aparição de doenças como depressões, síndrome do pânico, em resumo, o medo e ansiedade em diversas áreas.

Com a ausência de saídas válidas para estes problemas, para muitos, a solução parece ser o hedonismo: alcoolismo, drogas, consumismo, ou seja, parafraseando: “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”.

Elemento de inspiração para a criação do look sobre a hipermodernidade
Urso Polar:
O Departamento do Interior dos Estados Unidos confirmou que ursos polares estão morrendo afogados devido ao degelo do Ártico.
Em um reconhecimento aéreo, feito no final de 2004, os técnicos avistaram 40 ursos polares nadando no mar, longe de qualquer banco de gelo, e "muitos deles provavelmente se afogaram", segundo um relatório do Serviço de Gestão de Minerais, só agora divulgado.
Os pesquisadores contaram quatro corpos flutuando no mar durante o reconhecimento, quando o cascalho polar havia se afastado 260 quilômetros ao norte do litoral do Alasca, marcando um novo recorde de degelo. O relatório foi citado pelo The Wall Street Journal.
Nos 25 anos de reconhecimentos aéreos anuais anteriores a 2004 não haviam sido avistados mais de um urso nadando em mar aberto.

(...)

[Fonte: http://www.lustosa.net/noticias/24223.php]

Além de o aquecimento global ser um dos problemas mais debatidos na hipermodernidade, podemos observar o homem numa situação semelhante a de um urso polar que nada assiduamente em busca de um bloco de gelo ou solo procurando descanso(paz/satisfação), mas em meio ao descongelamento das calotas polares(fluidez de valores, incerteza, excesso de bens, cobranças e medos), ele simplesmente afunda, caindo em doenças como depressão ou mesmo na morte.


Look Desenvolvido:


Assim como no look anterior, a construção deste
é proposta a partir do spray que se transforma em tecido. 



Pós- Modernidade

Um dos pioneiros no emprego do termo é o francês Jean-François Lyotard. O Pós- modernismo é considerado como um período de natureza bastante diversificado que mistura várias tendências e estilos sobre o mesmo nome.

Este período proporcionou um novo estilo de vida, com arquétipos, gostos e atitudes que antes não eram assumidos com freqüência na sociedade. A diversidade de escolhas de personalidades, hobbies e ideologias também culminaram numa apatia social e sentimento de vazio. O cotidiano pós-moderno gira em torno do humanismo: o indivíduo em suas três facetas:

 

Consumista: consome variadas formas de bens e serviços.

Hedonista: busca de forma egoísta o prazer material, no desejo de se satisfazer instantaneamente.

Narcisista: pratica culto a sua própria pessoa, busca a glamurização de sua auto-imagem pelo cuidado com sua aparência e a informação pessoal.

Há um apelo constante pelo novo, o ideal proposto é que o homem esteja mudando frequentemente, buscando consumir sempre a próxima novidade, mesmo que tais mudanças não correspondam a suas particularidades e idiossincrasias, aliais diante deste sistema de mudanças, não se torna claro qual é a personalidade de cada um, apenas que ela é indefinida, até mesmo em relação a sua essência. Saturada de informações e serviços a sociedade desvaloriza as coisas públicas, demonstrando apatia frente aos graves problemas sociais e humanos. A massa pós-moderna se classifica como consumista, flexível nas idéias e nos costumes.


Elemento de inspiração para a criação do look sobre a pós-modernidade



Foto tirada por Kevin Carter em 1993 no Sudão.

O abutre pode ser entendido como um dos alter egos da sociedade pós-moderna que vive envolvida numa grande apatia. De acordo com o dicionário Aurélio, apatia significa “estado de insensibilidade, impassibilidade, indiferença; falta de energia; indolência”. Nós assistimos injustiças e sofrimento e quase sempre reagimos com indiferença. A tensão que nos obriga a preocuparmos com nossa auto-imagem(narcisismo, individualismo) ultrapassa os limites da razão nos elevando ao patamar de egocêntricos e alienados. A criança prestes a morrer, é um outro alter ego sociedade, mas no qual ela enquanto abutre não está ciente que corresponde a si própria. A criança representa a inocência, sinceridade, singularidade e compaixão que cada um amputa de si próprio para se enquadrar numa vida de propósitos volúveis, que embora se traduza numa busca por coisas reais como bens e títulos, eles são objetivos passageiros e ilusórios, quando comparado a plenitude da natureza humana.

Look Desenvolvido:

A construção deste look também é proposto a partir do spray que se transforma em tecido.

"Exortum est in tenebris, lumen rectis corde"

Rita Karla Nicácio

Thanks God
Thanks Dani, Giovani, May, Immortal Frost who have supported me these days, and always gave me words of support and courage.